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quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Jovens 'apagam' Facebook, Twitter e WhatsApp para passar no vestibular

Will Soares
Do G1, em São Paulo
Amanda, em auditório do cursinho Objetivo; ela tenta pela terceira vez passar em medicina na Fuvest (Foto: Will Soares/G1)
Amanda, em auditório do cursinho Objetivo, em SP; ela tenta pela terceira vez passar em medicina na Fuvest
(Foto: Will Soares/G1)
Estudantes não estão poupando esforços para conseguir êxito na difícil missão de passar em uma universidade pública. Para intensificar os estudos, jovens estão se desconectando das redes sociais na reta final de preparação para o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) e para os vestibulares das instituições de ensino mais concorridas do país.


Amanda Jéssica Pereira, de 18 anos, é uma das que adotaram a tática. Estudante de escola pública, ela nasceu e cresceu no Maranhão. Em 2013, veio a São Paulo morar na casa da avó para cursar o último ano do ensino médio e prestar medicina na Fuvest. Nas duas primeiras tentativas, não conseguiu. Agora, espera melhor sorte sem a distração das conversas pelo WhatsApp.

Jovem é do Maranhão e veio a SP para tentar USP (Foto: Will Soares/G1)
Jovem é do Maranhão e veio a SP para tentar USP
(Foto: Will Soares/G1)
“No primeiro vestibular fui muito mal. PrimeiraFuvest da vida. Não tinha ideia do que era. Em 2014, fiz cursinho e tava confiante de que passaria... Saí chorando quando conferi meu resultado”, contou.
Em seu terceiro vestibular, Amanda garante estar mais preparada muito por conta da exclusão do aplicativo de seu celular.


“Não que ter ou não rede social vá definir quem passa. São casos e casos. Tem gente que usa normalmente e passa, mas pra mim tava atrapalhando muito. Eu ia dormir tarde porque à noite ficava no WhatsApp. Depois que exclui, achei mais tempo pra ler e estudar o que faltou durante o dia no cursinho”.



Quem não gostou muito da ideia foram os pais da estudante. Separados da filha por mais de 2 mil km, eles tinham no aplicativo uma forma prática e econômica de manter contato e amenizar a saudade.

“Meus pais reclamam que não têm crédito e que fica difícil conversar, mas falo pra eles que infelizmente não dá”. Segundo ela, os amigos do Maranhão também compartilham da reclamação. “Eles falam que eu sou louca e que não gosto deles”, lamentou.
Mauro quer passar em engenharia ambiental na UFABC (Foto: Will Soares/G1)
Mauro quer engenharia ambiental na UFABC
(Foto: Will Soares/G1)
Adeus, Facebook
O estudante Mauro César Oliveira, de 17 anos, é outro que resolveu se desconectar do mundo virtual para aumentar os estudos. O adolescente divide seu tempo entre as aulas do ensino médio regular e do cursinho pré-vestibular. Com foco no curso de engenharia ambiental da Univerisidade Federal do ABC (UFABC), ele decidiu apagar as contas doTwitter e do Facebook para ganhar horas de preparação para seu primeiro vestibular.


“Resolvi excluir porque sei que não conseguiria conciliar. Eu deixaria de estudar pra ficar no Facebook. Hoje, em vez de chegar em casa e pegar o celular, eu vou ler alguma coisa”, disse.

Perguntado se sente falta de acessar as redes, ele não titubeou: “Falta nenhuma. No começo, sentia um pouco, mas agora fico o tempo inteiro ocupado estudando”.


O jovem conta que, nas poucas vezes em que vê a namorada ou amigos durante a semana, os encontros são marcados pela boa e velha ligação telefônica. Além do maior tempo de estudo, Mauro também comemora outro “benefício” de ter saído das redes: “Meu pai enche o saco no Facebook. Ele vivia mandando coisas. Tinha até bloqueado”, confessou aos risos.

Rúbia passou no vestibular após deixar as redes (Foto: Arquivo pessoal)
Rúbia passou no vestibular após deixar as redes
(Foto: Arquivo pessoal)
Exemplo de sucesso
A mineira Rúbia Resende, de 18 anos, é um exemplo de que a "abstinência digital" pode render frutos. Em seu primeiro vestibular, ela passou em 7º lugar no curso de letras da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG) e garante: abandonar as redes sociais foi imprescindível para alcançar o resultado.

A jovem excluiu Facebook, Twitter e Instagram. Em seu smartphone, restou apenas o Whatsapp. O vício no aplicativo era tão grande que, para não cair na tentação de verificar as notificações, ela conta que adotou uma tática inusitada. "Em casa, eu sabia que iria ficar olhando, então pedia pra minha mãe esconder a bateria do celular. Quando a rede social está do lado, fica muito fácil cair na distração".
Rúbia tomou a decisão ao fim do primeiro trimestre do 3º ano do ensino médio. De acordo com ela, os três meses foram mais do que suficientes para perceber que não se concentraria nos estudos caso seguisse tão conectada à internet.
 "Meus amigos falavam que era besteira, que eu sou boba, que estava perdendo um monte de festa, que tinha de viver... mas eu fazia as coisas. Só não perdia tempo nas redes sociais. A gente não percebe quanto tempo gasta nisso. Muitas vezes deixamos de viver os acontecimentos para poder ler sobre eles no Facebook", acrescentou.
Depois de ser aprovada no vestibular, a estudante resolveu voltar às redes. Ela, no entanto, afirma que sofreu menos do que esperava com a "abstinência" e que a decisão de retornar ao mundo digital só aconteceu porque queria divulgar seu trabalho de escritora em um site de crônicas.
"O primeiro dia [desconectada] é terrível, mas vai ficando mais fácil com o tempo. Hoje, eu tento evitar ao máximo utilizar. Só pra divulgação, mesmo. As pessoas ficam tão viciadas que deixam de interagir na vida real. Parece papo de velho, mas é verdade", completou.

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